Gostaria muito de possuir a sabedoria para inventar palavras que tivessem a força necessária para prender quem passa por aqui alguns minutos.
Não tenho esse dom infelizmente e por muito que me esforce acabo sempre por ser banal e simples nesta difícil arte da escrita.
Novo ano, novas esperanças, novos caminhos.
Claro que todos desejamos que tudo melhore, a saúde, o desemprego a política nacional e mundial, mas sabemos que não é fácil, nada é fácil neste século em que tudo parece estar ao alcance de um simples clique.
Parece que quanto mais "facilidades" possuímos mais difícil é chegar ás metas a que nos propomos.
Vi ontem um filme baseado num livro de Paulo Coelho que há muito tempo andava a adiar ver , nem sei bem explicar porquê, talvez porque o título é um pouco deprimente mas, como a minha querida amiga diz e bem, "tudo tem o seu tempo" e ontem era o tempo certo para ver este filme pois ele acabou por me dar a mensagem certa nesta época de final de ano.
No dia 11 de Novembro, Verónica decidiu que havia - afinal! chegado o momento de se matar...
e não se estava a matar porque era uma mulher triste, amarga, vivendo em constante depressão... Haviam duas razões:
A primeira é que tudo na sua vida era igual, e - uma vez passada a juventude - seria a decadência...
A segunda, Tudo o que se estava a passar no mundo estava errado e ela não tinha como reparar isso...
Quanto tempo me resta?- Repetiu Verónica, enquanto a enfermeira dava a injecção.
- Vinte e quatro horas. Talvez menos.
Ela baixou os olhos, e mordeu os lábios. Mas manteve o controlo.
- Quero pedir dois favores.
O primeiro, que me dê um remédio... de modo que eu possa ficar acordada, e aproveitar cada minuto que restar da minha vida. Eu estou com muito sono, mas não quero mais dormir, tenho muito que fazer - coisas que sempre deixei para o futuro, quando pensava que a vida era eterna. Coisas pelas quais perdi o interesse, quando passei a acreditar que a vida não valia a pena.
- Qual o seu segundo pedido?
- Sair daqui, e morrer lá fora. Preciso de subir ao castelo de Lubljana, que sempre esteve ali, e nunca tive a curiosidade de vê-lo de perto... quero andar na neve sem casaco, sentindo o frio externo - eu, que sempre estive bem agasalhada, com medo de apanhar uma constipação.
Enfim, Dr. Igor, eu preciso de apanhar chuva no rosto, sorrir para os homens que me interessam, aceitar todos os cafés para os quais me convidem.
Tenho que beijar a minha mãe, dizer que a amo, chorar no seu colo - sem vergonha de mostrar os meus sentimentos, porque eles sempre existiram, e eu escondi-os...
Quero entregar-me a um homem, à cidade, à vida e, finalmente, à morte.
Paulo Coelho "Verónica decide morrer"
Se todos os nossos dias fossem vividos como se fossem os últimos quantos coisas mudaríamos, quantas palavras adiadas diríamos, quantos beijos e abraços daríamos e de certeza tudo apreciaríamos de outro modo .
Esta é a minha simples mensagem de Ano Novo.
Feliz 2010
Fê