Bom feriado!
Beijinhos
Fê
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imagem daqui |
Texto de Angela Pieruccini ( Rio Grande do Sul) Psicóloga - Mestrado em Dinâmica dos Grupos, Consultora em empresas em Mudança Organizacional
"Possivelmente o Rio de Janeiro nesse momento simbolize uma das maiores feridas abertas do nosso país: os resultados da corrupção em todos os níveis, incluindo os mais altos escalões do governo, assim como um comportamento recorrente da sociedade civil brasileira: ora passiva e sem memória diante dos fatos, ora ingénua e sem crítica diante de imagens abertamente sensacionalistas. Falta apenas cantar o Hino Nacional antes de subir o morro, fazendo justiça entre balas de fuzil e aplausos comovidos da mídia. Protegida, evidentemente.
Assim nascem os heróis. O Governador Sérgio Cabral e o BOPE, tropa de elite da polícia carioca. Esses seriam os “mocinhos”. Os “bandidos”? Traficantes de drogas residentes nas favelas, geralmente pobres, normalmente negros (essa palavra é proibida?), ou seja, somente a ponta do iceberg.
Violentos? Os dois lados, não há mocinhos e bandidos numa Guerra Civil.Existe apenas terror e morte. Isso tornou-se absolutamente necessário? Não sei, contudo o exercício de pensar não é um exercício desprezível, bastando um pouco, somente um pouco de reflexão.Quem seriam de fato os mocinhos e os bandidos, uma vez que até ontem as armas dos traficantes eram fornecidas pela própria polícia e inclusive pelo exército? Estatisticamente está comprovado: 90% das armas usadas no narcotráfico são nacionais. Não está óbvio qual é a sua origem? Assim como a mesma obviedade garante que isso estava reconhecido pelas devidas autoridades, normalmente responsáveis pela segurança da população e não o contrário.
Delegados, Políticos, Secretários de Segurança, Prefeitos, Governadores. Ainda mais alto? Quem sabe.Seguindo na linha de raciocínio, onde estão as prisões dos verdadeiros líderes do crime organizado? Estes nunca estiveram dentro do Morro do Alemão ou no Vidigal, ainda menos em Bangu I, II, III...ad infinitum. Ah, não. Coberturas no Leblon ou Ipanema, Mansões no Lago Sul de Brasília, talvez Estados Unidos da América.
O mundo não tem fronteiras quando o colarinho é branco e a fortuna imensa, embora manchada de sangue. Para estes também vai ser apontado o fuzil, enquanto eles rezam o último pai-nosso? E os vereadores, deputados e senadores, ou seja, os membros do legislativo financiados pelo Elias Maluco ou Fernandinho Beira-Mar, cada qual a seu tempo? Não estou presenciando esta sequência post-mortem televisionada, verdadeiro indício de mudanças.
Se tudo fosse absurdamente simples de ser solucionado, como mostrado em menos de uma semana, o que estiveram fazendo nossos governantes, inclusive o último, mantendo toda uma população em estado de terror permanente, sofrendo tortura e assassinato de inocentes dia após dia, ano após ano? Se tudo fosse absurdamente simples, ninguém merecia aplausos, e sim no mínimo tornar-se inelegíveis, pelo tempo onde nada fizeram, pelos interesses ocultos na situação, pelas vidas humanas desperdiçadas.
Porque até então, não era conveniente a solução.De repente, e de forma estranha logo após uma eleição presidencial, tudo tornou-se absurdamente simples. E minha sensação é de estar num circo mambembe, fazendo parte de um espetáculo de quinta categoria. No papel de palhaço. Mas um palhaço de sorriso amargo, que deixa um fio de lágrimas borrar toda a maquiagem. Pensando no jornalista brutalmente assassinado porque foi “impossível” achar seu cativeiro naquele momento.
Agora parecem achar até o que nunca existiu. Pensando nas balas perdidas ceifando gente e mais gente, enquanto estes mesmos governantes gritavam nos jornais que não havia soluções. Agora havia soluções. Pensando nos chefes do Comando Vermelho, Terceiro Comando, etc...liderando “arrastões” desde o interior dos presídios. Com a conivência de todos, se piscar, até de Jesus Cristo e os Apóstolos.
O sistema sempre alimentou esta guerra, pois as mesmas autoridades agora posando para fotos cinematográficas, sempre puderam fazer o que agora foi feito. Se isso ocorreu, o próprio sistema assim decretou. Mas com limites, nada de subir até onde estão os verdadeiros mandantes, os verdadeiros milionários da droga. Basta a favela, as câmaras de tv e um batalhão saído dos filmes de “Rambo, Programado Para Matar”. Chega para o povo e para os turistas que necessitam vir na Copa e nas Olimpíadas.
Contudo, agora é nossa responsabilidade fazer subir, tornar o teatro uma peça real. Senão a tendência será uma “falsa”paz por um período breve de tempo, até tudo recomeçar. Quando a raiz não é cortada, todas as árvores renascem. Em maior ou menor tempo.É nossa responsabilidade tirar o dominó de palhaço. Pode ser que assim, finalmente, sejamos respeitados."
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"Alguém que considera a Felicidade o único objectivo a atingir. Para ser feliz é preciso alcançar o grau de conhecimento que permita, sempre, dar espaço ao outro e admitir que a verdade, tal como tudo, é subjectiva, irreal e ilusória."Eu defino-a como uma GRANDE MULHER, corajosa, lutadora, íntegra e verdadeira, possuidora de uma escrita inteligente, directa e emotiva.
"As calças não eram apenas o símbolo do poder masculino, mas da separação dos sexos, e uma mulher que vestia calças era acusada de se travestir. Era considerada uma ameaça à ordem natural, social, moral, à ordem pública estabelecida".
Christine Bard in Une histoire politique du pantaloon.
Hoje recordei mulheres como George Sands, mulher rebelde e independente que se vestia como um varão, no século XIX, lutando, assim, contra o poder do homem, Chanel que criou as primeiras calças para mulheres, provocando grande polémica. Não esqueçi Mary Phelps Jacob, que em 1910 patenteou o primeiro sotien moderno, com o sucesso que lhe conhecemos hoje, Catarina de Médicis, rainha, casou com Henry II da França, que inventou o salto alto próximo ao que se conhece hoje, Mary Quant quem, nos anos 60, cria a mini-saia, chocando muitas pessoas, a Drª Carolina Angelo, médica e viúva, que na sua qualidade de chefe de família e na ausência de disposição expressa excluindo o sexo feminino da capacidade eleitoral activa, reclamou para um juiz a sua inclusão no recenseamento eleitoral, tendo sido deferida a sua pretensão.
Relembrei todas as pessoas que contribuíram, lutaram, sofreram pelos seus ideais para que eu hoje possa optar, para que eu hoje possa dispor da minha vontade, para que possa, sem problemas, sem ser recriminada, sem ser apontada, sem ser insultada, ter liberdade de decisão. Relembrei todos aqueles que se uniram, lutando, para que eu tenha direitos no trabalho: o direito à greve, o direito a férias, o direito ao subsídio de Natal e Férias, o direito a faltar, o direito a eleger quem defenda os meus direitos, o direito a reclamar quando sou alvo de injustiça, o direito ao descanso, o direito a um aumento anual, o direito à reforma.
São todos eles que me gritam, do cantinho onde se encontram, não te deixes vencer, não consintas que anulem a nossa luta, não permitas que te tirem tudo o que conquistámos para ti, não colabores com a aniquilação do trabalhador, não permitas que o medo vença a razão, lembra-te que tudo o que deixares roubar serão direitos a menos para os teus filhos. Não dizes que queres um mundo melhor para eles? Demonstra-o.
Nunca pensámos no dinheiro que iríamos perder lutando, nunca o medo nos fez baixar os braços, nunca arranjámos uma desculpa para, cobardemente, esperarmos que alguém lute para nós beneficiarmos.
Que seria de mim hoje, como seria o meu mundo se não tivesse havido Homens e Mulheres combatentes, arrojados, destemidos, valentes, afoitos, audazes, ousados e corajosos?
“Enquanto o tímido reflecte, o valente vai em frente, triunfa e volta”Provérbio Grego
Brown Eyes em Greve "
O Cristo Redentor "fechou" os braços, num abraço simbólico ao Rio de Janeiro, no passado dia 19 de Outubro. O efeito - uma ilusão de óptica provocada por projecção de luzes e imagens - faz parte da campanha "Carinho de Verdade", de combate à violência e exploração sexual de crianças.
Para simular o abraço, o cineasta Fernando Salis usou oito projectores, que cobriram a estátua com imagens do Rio, com sobrevoos de asa-delta, as florestas e até mesmo o trânsito.
Ao som de Bachianas Brasileiras n.º 7, de Villa Lobos.
"Tenho vontade de fazer um disco de parcerias, revisitar os meus temas destes últimos trinta anos, podem ser temas mais obscuros, e fazer parcerias com cantores, músicos portugueses e não só. Pessoas de quem eu gosto"
inspirado no conto de Ursula K.Le Guin
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auto-retrato de Almada Negreiros |
Há muitos anos ouvi Mário Viegas dizer A Cena Do ódio, de Almada Negreiros, o poeta sensacionista e Narciso do Egipto – como se descrevia e assinava.
Fiquei atónita. Absolutamente vergada ao peso da mensagem acabada de ouvir.Impressionaram-me (autor do poema e seu intérprete) pelo ritmo alucinante, numa cadência intencional de sons, sílabas e palavras, dando largas a um sadismo que, a um só tempo, tudo e todos exalta e arrasa, vícios e virtudes, marginalizados e bem sucedidos, vencedores e derrotados, “religiosos sexualmente frustrados” e peraltas, tanto aristocratas e intelectuais, como gente simples e operários, ou um dos seus “bombos” preferidos, o burguês, tal como os políticos e os jornalistas, as rameiras e as virtuosas damas…
Tudo dum folgo, com uma força estonteante, num poema desbragado, intenso, louco e soberbo, a que Mário Viegas emprestou igual força e muita arte.
Se o poema, em si, tem uma força extraordinária, dito por Mário Viegas ganha ainda uma muito maior força e dimensão.
Mais tarde, li o poema na sua totalidade. Mas a minha leitura, o meu ritmo, a minha cadência não me satisfaziam porque não tinha nada a ver com o poema que ouvira dito pelo Mário Viegas.E era esse poema, mas dito daquela forma arrasadora, que eu queria ouvir, de novo.
E desatei à procura dele. Difícil. Por mais que procurasse… Não encontrava.
Eis senão quando… passados mais de trinta anos… …Descobri-o!!! (este vídeo é o primeiro de três).
Refastelei-me. Fechei os olhos. Ouvi e deliciei-me, de novo.
Espero proporcionar-vos este mesmo prazer.
A Álvaro de Campos a dedicação intensa de todos os meus avatares. Foi escrito durante os três dias e as três noites que durou a revolução de 14 de Maio de 1915 Almada Negreiros
As autoridades iranianas desmentiram hoje veementemente que Sakineh Ashtiani, a mulher condenada à morte por adultério e homicídio, tenha já sido executada. E que nem mesmo foi ainda produzido em tribunal o veredicto final, segundo garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Manouchehr Mottaki, ao homólogo francês, Bernard Kouchner.
A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, cuja condenação a morrer apedrejada provocou uma onda de manifestações na comunidade internacional, será executada hoje, tal como indica o Comité Internacional contra Apedrejamento.
As autoridades iranianas ordenaram executá-la na prisão de Tabriz, onde Sakineh está detida, detalha a organização em comunicado divulgado em seu site
O Comité Internacional contra o Apedrejamento já tinha informado no último dia 11 que o filho de Sakineh tinha sido detido pela Polícia iraniana junto ao advogado de sua mãe e a dois jornalistas alemães que pretendiam entrevistá-lo.
O Governo de Berlim confirmou posteriormente a detenção dos dois cidadãos alemães, identificados pela imprensa como jornalistas do jornal "Bild am Sonntag". Eles foram presos no dia 10 de Outubro, na cidade iraniana de Tabriz (noroeste).
Sakineh Ashtiani, de 43 anos, mãe de dois filhos, foi condenada à morte por apedrejamento em 2006 por ter mantido relações sexuais com dois homens após a morte de seu marido.
Mas tarde, também foi acusada de ser cúmplice no assassinato de seu marido e, desde então, permanece detida na prisão de Tabriz, no norte do país.
A mobilização da comunidade internacional aumentou depois que o presidente Lula da Silva - que mantêm boas relações com o governante iraniano, Mahmoud Ahmadinejad - ofereceu asilo político a Sakineh, reivindicação que foi rejeitada pelas autoridades do Irão.
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Léo Ferré (1916-1993) |