... que preencha este silêncio.
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foto minha |
Pode ser um poema escrito ou escolhido por ti.
Prometo que o vou ler em voz alta
até que a paisagem se agite.
Fê blue bird
~~*~~
Esperança!
Quantas vezes nesses bancos
juras de amor trocamos...
Mais tarde, o tempo passou...
Cada um de nossos filhos ali brincou.
Hoje ,até dos netos estamos afastados,
por isso, nosso jardim tristonho a se mostrar!
Mas esperamos ver tudo isso acabado,
logo faltarão bancos ,
seremos muitos a ali sentar!
~~*~~
Primavera Partilhada
Olharam-se como sempre
Frente a frente
Partilharam memórias
de ambos conhecidas
mas com o sabor
de quem não se cansa
de as ouvir repetidas
Partilhavam ali toda uma vida
e a alegria da partilha
Partilhavam agora a solidão da espera
Pacientes
Com a certeza
De que em breve seria Primavera.
~~*~~
SONETO PARA UM PIC-NIC NO JARDIM
*
Venho sentar-me num destes banquinhos;
Trago um poema no bojo da saia
E a curiosidade da catraia
Que explora bosques procurando ninhos.
*
Não dou conselhos nem sigo os caminhos
Pelos quais meu olhar se alonga e espraia
E é melhor que me sente antes que caia
Do alto dos meus passos rasteirinhos...
*
O meu soneto é para partilhar;
Foi cortado em fatias quase iguais
Pra que ambas o possamos degustar.
*
Não é pequeno nem grande demais
E foi cozido no forno solar
Em que preparo as refeições normais...
~~*~~
Tempo sem Tempo
Para ti, minha irmã
escrevo
este pobre poema.
Para te falar da angústia
e do medo
que enche
os bancos vazios de gente
nos jardins
e parques do meu país.
Para te falar
deste tempo sem tempo
de horas intermináveis
de solidão e saudade.
E das vacinas que não chegam
perdidas
nos escuros labirintos de interesses
das indústrias farmacêuticas.
Para te falar, também
que por trás de cada máscara
de cada abraço que não se deu
de cada sonho que não se cumpriu.
A esperança é um pequeno barco
que navega
neste imenso mar
adormecido
que é a nossa vida,
em tempo de pandemia.
*
Banco de Jardim
Aquele banco de jardim, abrigado pela árvore
tem histórias p'ra contar.
Fala de pássaros, de ninhos, de meninos a brincar.
Fala de um velhinho
que reparte pelos pombos saquinhos de afeição:
migalhas da migalha à sua mesa.
São eles os seus amigos, é com eles que conversa.
Conta dos filhos ausentes, do lar, da solidão...
Depois vem o outono expulsar os passarinhos
Vem o inverno p'ra ficar eternamente...
Porém, uma manhã, de repente
os pássaros voltam a encher de vida os ninhos,
voltam os pombos, o sol e o riso dos meninos.
Mas algo se faz diferente, alguma coisa mudou.
À tarde, naquele canto sombrio,
o banco jaz vazio.
O velhinho não voltou.
Lídia Borges
~~*~~
Doloroso isolamento.
Naquele parque tantos encontros,
nas belas tardes da linda estação,
foram horas alegres pelos bancos,
que os vejo solitários neste verão.
Quisera não ver a triste imagem,
da terra ressecada como o sertão.
Na aridez da dor sinto miragem.
Nos olhos verdes, vejo abstração.
A falta da palavra neste silencio,
que ensurdece vis pensamentos,
há uma saudade sem armistício,
no isolamento dores, tormentos.
No ar perfume de uma açucena,
esvaece os pensamentos pueris.
vem Primavera na quarentena,
ameniza isolamento sui generis.
~~*~~
Há sempre um poema
para um amigo
há sempre um poema
mesmo que antigo
há sempre um poema
umas palavras
um sorriso.
~~*~~
São bancos de jardim
Bancos de madeira
Bancos de conversar
e de memórias
de afectos
de pensar e de histórias
Bancos com nomes, datas e corações
de casalinhos enamorados
juras de amor eterno e de tantas ilusões
Bancos de tristeza e solidão
de velhas vidas, em negras vestes
buscam companhia na voz da folhagem e do melro a canção
Bancos de alegria e tropelias
da gritaria da criançada
promessa de vida e amor, de continuidade, um destes dias
~~*~~
Viver de pouco
Ou coisa nenhuma
De recordações fugazes:
Gestos apenas esboçados
Palavras mal proferidas
Silêncios...
Eis o que eu tenho
O que me resta afinal
Daquela quimera
Apenas entrevista,
Dos dias de sol e sombra
Em vão vividos à espera
De um renascer!
~~*~~
Sento-me
Junto
A ti
Como
Se me
Debruçasse
Sobre
Um abismo:
A vertigem
Do absurdo
Cega-me
Os dias
E o mundo
Resta mudo.
~~*~~
Dois bancos vagos
Sozinhos
No meio do nada
Árvores fatigadas
Pelo tempo
Silêncios enfeitiçados
Sem carinhos
Quebrados pelo vento
Numa natureza
Outrora era apreciada.
E agora restam apenas
Lembranças...
~~*~~
Muitas Estórias Para Contar...
Bancos, agora, inertes e calados,
experimentaram abraços, beijos, sorrisos e prantos,
conversas apaixonadas e pessoas caladas.
Quando estes bancos voltarem a se agitar
Terão muitas histórias para contar...
~~*~~
Cinco minutos
Cinco minutos podem ser uma eternidade
Ou um simples momento de felicidade
Podem ser tudo o que cabe num poema
Ou dois bancos em palavras de gema
Podem ser a minha leitura, ainda pequena
Que dela farei uma primavera amena
Com tanta flor a despontar
E com aroma poético a se dar.
~~*~~
Escrevi no banco
Não apararam a relva do jardim
Atravessei apressada e vim
Tinha aquela ansiedade que conheces
Esperava teus passos
A divagar por ali
Esperava teus olhos de mel
Teus contos entre abraços
Tocar-te a pele
Fui tomando notas
Queria dizer-te
Queria ler-te
Enfim!
~~*~~
A Espera
Quantas confidências
Quantas amores
Presenciamos.
Hoje estamos
Esquecidos
Mas não solitários
Estamos aqui
Juntos no aguardo
De presenciarmos
Tudo de todos
Que possam chegar.
~~*~~
Resgate de um Jardim sem Flor
Senhor, onde está o meu jardineiro ?
Onde o colocaste, Mestre, Medianeiro,
conta para mim como ele está agora ?
Na tardezinha, ele vinha sem demora.
Sentávamos num prosa tão boa e feliz,
repúnhamos energia consumidas na lida.
Num gramado verde, flores, como condiz,
numa ternura branda, afagava nossa vida.
Donde o puseste, Senhor ? Sabes do Amor
tão gratuito como a natureza que brinda
a cada ser vivente. Dolente, murcha flor,
estou por cá, só como o banco da berlinda.
Cada dia o espero à sombra de uma árvore
sua copa já nos deu tão bom refrigério...
Já sei, Amado Meu, de juiz não se arvore,
por que escondê-lo de mim. Que sacrilégio.
~~*~~
Aqui,
abrigada da brisa,
mas envolta em Luz...
Porque preciso de Luz...
Para respirar novamente,
agora que me deixaste...
e só tenho histórias,
memórias
de ti....
~~*~~
Olho os teus olhos de frente,
Vejo reflexos dos Céus...
Fico feliz e contente,
Porque os olhos sem véus
Mostram tudo transparente.
~~*~~
Se um banco ao outro falasse
Talvez lhe confessasse
O que custa a solidão
E num abraço apertado
Lhe diria tem cuidado
Não te separes de mim não
.
Os dois aqui sozinhos
Até os lindos meninos
Que junto a nós brincavam
Alguém os veio buscar
E na sua casa confinar
Quando em nós se sentavam
.
Aqui no meio da natureza
Os dois temos a certeza
Que tudo um dia mudará
Que os silêncios terminarão
E os sorrisos viltarão
E alguém em nós se sentará
~~*~~
Quanta homenagens a poetas
Que postam na blogosfera.
Aqui há uma atmosfera
De vozes tanto seletas
Quanto, à medida, discretas.
Tua generosidade
É um poema que invade
Nossas almas de encanto.
Oh, Fê, talvez canto
Tem som de pura amizade.
~~*~~
Descansa aqui.
Não importa de onde venham as flores
e as estrelas.
Não te perguntes. Acalma o frio das perguntas
olhando só para elas.
Na exaustão dos porquês, tens as respostas
no êxtase do teu olhar. Revê-te nelas.
E tu não sendo uma estrela, és muito maior que elas.
~~*~~
"Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando
Se abre uma janela."
Alberto Caeiro
~~*~~